domingo, 9 de agosto de 2015

Não basta ser...

O meu pai me levava para passar o dia inteiro na praia nas férias dele.
Aos domingos de manhã, alternávamos praia e parque. Com direito a tombos de balanço ("Mais alto, paiê!") e "laranjinhas".
Quando estava em casa, fazia penteados de princesa para eu ir a escola.
E eu me sentia mesmo a Grace Kelly...

Ele era forte, era bravo, e meus amigos morriam de medo do "cara que ensinou o He-Man a malhar".
Se zangava com cada grito, e reclamava do "escândalo" por causa de uma simples barata, mas sempre vinha com o chinelo na mão para acabar com o monstro (!), mesmo que tivesse que levantar de madrugada para isso.

Antes dos 18 não me deixava dormir na casa das colegas, mas ia comigo a festas dos meus amigos.
No vestibular, ficava as quatro horas de prova do lado de fora, esperando a nerd sair.
"Foi bem?", perguntava com um sorriso no rosto e brilho nos olhos.
Ele ia comigo a shows de rock, a princípio a contra-gosto.
Depois virou fã de Bon Jovi, Titãs, Sepultura...

O meu pai casou cedo. Uma criança grande!
E cometeu muitos, muitos erros, porque ninguém é perfeito.
Mas ele fazia batata frita e limonada de pulso sempre que pedíamos.
E fazia performances e dublagens engraçadas só para ouvir nossas gargalhadas.
E dava conselhos inteligentes e diretos, mesmo que parecessem críticas.
Ele sempre foi a referência de PAI, tipo daqueles comerciais que dizem que "tem que participar".
E ele participou de tudo. E ainda participa!

Há tantos outros momentos que não lembro, histórias que me contam...
Como a diversão em escorregar como golfinhos na área molhada da lavanderia dos fundos de casa, eu com 1 ano, ele 20 e poucos...

E agora, ele está prestes a completar 70!
Não mais tão forte, não mais tão bravo, porém mais engraçado, mais sábio, e mais amado por todos que o cercam.
Principalmente por mim!
Feliz cada dia da sua vida, feliz dia dos pais!