sexta-feira, 29 de julho de 2011

Minha versão de lingerie day

Aparecer de lingerie numa foto na net? Nem que a vaca tussa!

Mas pensei em uma maneira mais divertida e proveitosa para fazer um lingerie day:


  1. coloque todas as suas calcinhas e soutiens em cima da cama. TODOS!


  2. separe a lingerie que é desconfortável: aquela calcinha que te aperta, ou fica entrando; aquele soutien que o ferrinho já está incomodando.


  3. coloque esses instrumentos de tortura num saco plástico e dê um nó.


  4. separe agora as calcinhas e soutiens feiosos, ou que já cumpriram sua missão neste mundo.


  5. coloque os patinhos feios em outro saco. Dê um nó.


  6. reavalie agora a (pouca, provavelmente...rs) lingerie que sobrou. Tem mais alguma que não mereça retornar à sua gaveta? Este é o momento!


  7. decida agora se irá guardar os sacos ou se dará um destino digno a eles. Ou seja, o lixo!

Compre apenas lingerie confortável e bonita. E use os soutiens e as calcinhas bonitas e confortáveis todos os dias. Mas tem que ser nessa ordem! Bonita primeiro, confortável em seguida. E tem que ter os dois adjetivos na mesma frase. Ou melhor, no mesmo sujeito; nesse caso, você!..rs

Depois me falem da melhora da auto-estima. Lingerie bonita estimula até a começar ou manter a dieta. Está valendo, não?

sábado, 16 de julho de 2011

Assisti Harry Potter ontem! O último filme!

Achei bem diferente dos outros, mais ágil, até surpreendente.


Fui a uma sessão repleta de adolescentes ansiosos (como eu!...rs), que reagiam à história de acordo como ela era contada. Ah!... Como é bom assistir filme com gente educada, né? Não são os risos, as palmas, os gritos, que incomodam. O problema é a falta de respeito. Mas quando ele existe, até uma sessão de cinema te proporciona a mesma sensação de um jogo de futebol. Só que ali todos estão "torcendo para o mesmo time"...rs

Bem, agora acabou Harry Potter. Quando terminei de ler o livro, me senti assim também: "E agora? O que vou ler que será tão divertido quanto?" Olha, já tentei algumas outras "sagas" (como eles gostam de se intitular). Nenhuma prende tanto a minha atenção.

Resta então voltar ao cinema para ver de novo, agora em 3D. Sim! Sou fã de carteirinha!...rs

Beijos a todos. E divirtam-se!

Foto: http://www.hbofilmes.com/info/filme/harry_potter_and_the_deathly_hallows_part_ii/12445

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Telefone - Crônica de Rubem Braga

Honrado Senhor Diretor da Companhia Telefônica:

Quem vos escreve é um desses desagradáveis sujeitos chamados assinantes; e do tipo mais baixo: dos que atingiram essa qualidade depois de uma longa espera na fila.

Não venho, senhor, reclamar nenhum direito. Li o vosso Regulamento e sei que não tenho direito a coisa alguma, a não ser a pagar a conta. Esse Regulamento, impresso no página 1 de vossa interessante Lista (que é o meu livro de cabeceira), é mesmo uma leitura que recomendo a todas as almas cristãs que tenham, entretanto, alguma propensão para o orgulho ou soberba. Ele nos ensina a ser humildes; ele nos mostra o quanto nós, assinantes, somos desprezíveis e fracos.
Aconteceu, por exemplo, senhor, que outro dia um velho amigo deu-me o prazer de me fazer uma visita. Tomamos uma modesta cerveja e falamos de coisas antigas — mulheres que brilharam outrora, madrugadas dantanho, flores doutras primaveras. Ia a conversa quente e cordial, ainda que algo melancólica, tal soem ser as parolas vadias de cupinchas velhos — quando o telefone tocou. Atendi. Era alguém que queria falar ao meu amigo. Um assinante mais leviano teria chamado o amigo para falar. Sou, entretanto, um severo respeitador do Regulamento; em vista do que comuniquei ao meu amigo que alguém lhe queria falar, o que infelizmente eu não podia permitir; estava, entretanto, disposto a tomar e transmitir qualquer recado. Irritou-se o amigo, mas fiquei inflexível, mostrando-lhe o artigo 2 do Regulamento, segundo o qual o aparelho instalado em minha casa só pode ser usado “pelo assinante, pessoas de sua família, seus representantes ou empregados”.

Devo dizer que perdi o amigo, mas salvei o respeito ao Regulamento; dura lex sed lex; eu sou assim. Sei também (artigo 4) que se minha casa pegar fogo terei de vos pagar o valor do aparelho — mesmo que esse incêndio (artigo 9) tenha sido motivado por algum circuito organizado pelo empregado da Companhia com o material da Companhia. Sei finalmente (artigo 11) que se, exausto de telefonar do botequim da esquina a essa distinta Companhia para dizer que meu aparelho não funciona, eu vos chamar e vos disser, com lealdade e com as únicas expressões adequadas, o meu pensamento, ficarei eternamente sem telefone, pois “o uso de linguagem obscena constituirá motivo suficiente para a Companhia desligar e retirar o aparelho”.

Enfim, senhor, eu sei tudo; que não tenho direito a nada, que não valho nada, não sou nada. Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge. Isso me trouxe, é certo, um certo sossego ao lar. Porém amo, senhor, a voz humana; sou uma dessas criaturas tristes e sonhadoras que passa a vida esperando que de repente a Rita Hayworth me telefone para dizer que o Ali Khan morreu e ela está ansiosa para gastar com o velho Braga o dinheiro da sua herança, pois me acha muito simpático e insinuante, e confessa que em Paris muitas vezes se escondeu em uma loja defronte do meu hotel só para me ver entrar ou sair.

Confesso que não acho tal coisa provável: o Ali Khan ainda é moço, e Rita não tem o meu número. Mas é sempre doloroso pensar que se tal coisa acontecesse eu jamais saberia — porque meu aparelho não funciona. Pensai nisso, senhor: pensai em todo o potencial tremendo de perspectivas azuis que morre diante de um telefone que dá sempre sinal de ocupado — cuém, cuém, cuém — quando na verdade está quedo e mudo na minha modesta sala de jantar. Falar nisso, vou comer; são horas. Vou comer contemplando tristemente o aparelho silencioso, essa esfinge de matéria plástica; é na verdade algo que supera o rádio e a televisão, pois transmite não sons nem imagens, mas sonhos errantes no ar.

Mas batem à porta. Levanto o escuro garfo do magro bife e abro. Céus, é um empregado da Companhia! Estremeço de emoção. Mas ele me estende um papel: é apenas o cobrador. Volto ao bife, curvo a cabeça, mastigo devagar, como se estivesse mastigando os meus pensamentos, a longa tristeza da minha humilde vida, as decepções e remorsos. O telefone continuará mudo; não importa: ao menos é certo, senhor, que não vos esquecestes de mim.


Texto da década de 50.
Mais?
Leiam em: http://domusdraconis.net