quinta-feira, 4 de maio de 2017

Da casca

E de tanto açoite do acaso, ela se fechou numa casca.
Espessa, densa, impenetrável.

Porém continuava vivendo lá, escondida. Sozinha em si mesma, é verdade.  O medo da mágoa, infelizmente, provoca esses artefatos.
Mas, ela resolveu olhar por uma fresta. Afinal, já era tempo de abandonar o casulo.
Aos poucos foi arriscando. Uma espiada, um lampejo, um passinho...

E saiu. E continuou sorrindo para a vida, pois não sabia ser diferente.
E acreditou.
E foi espontânea, íntegra, sem meios termos.

E novamente... A decepção...

Ela luta então para não se recolher à casca.
Porque está cansada de tanta metamorfose.